Do livro Vintém de Cobre

Do livro Vintém de Cobre
Texto de Cora Coralina

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Pancho, um amor sincero

Quem mais me ensinou sobre o Amor,
o Amor verdadeiro,
o Amor que Jesus pregou.
 
 
Uma hora antes de morrer dia 13/11/2012

Um dos nossos três cachorrinhos, o mais velho com dezesseis anos vinha apresentando um cansaço e lentidão nos movimentos. Já tinha perdido a vivacidade, o interesse por caçar e as escapadinhas pelo quintal já não ocorriam mais.  As patinhas trazeiras já andavam falhando, e incontinência urinária já ocorria por mais de um ano. Mas na última semana todos os sintomas se intensificaram. Todos os dias levava ao veterinário que medicava com soro e os medicamentos necessários. Perdeu o apetite, não comia mais em casa. Eu não tinha forças para alimentá-lo, abrir sua boca e empurrar o alimento. No último sábado  andou um pouco na sala mesmo, e após tentar saltar para dentro de um bercinho baixo que fica na sala desmaiou. Saí correndo para o veterinário que o medicou. Na segunda feira apenas caminhou quatro metros para ficar um pouco mais pertinho de mim e voltou a desfalecer. Meu filho e eu corremos para o veterinário que cuidou dele novamente. Hoje após ser medicado na clínica se preparava para receber uma transfusão mas faleceu antes mesmo de receber o sangue. Hoje estamos todos tristes. Ele era o meu maior amigo, aquele que amava incondicionalmente.
 
 Ele sempre teve uma preferência por mim, desde quando nasceu. Era filho de uma bassezinha que encontramos na rua e ficou em minha casa por nove meses, deu a cria e logo foi para outro lar. Eu sempre fui ocupada com muitas coisas na vida, mas este cachorrinho nunca desistiu de mim. Sempre me procurava com o olhar, ficando como um Lord, com as patinhas arrumadinhas de frente para mim em verdadeira adoração. Minha filha dizia que era meu devoto. Hoje fico pensando que nós somos como deuses para nossa criação. Eles nos veneram, pois nós o aconchegamos no frio, lhe damos água para abastecer da sede, levamos para passear algumas vezes ao dia, deixamos que se deitem ao nosso lado, e em casa ficam ao nosso redor durante a mesa na cozinha pedindo que os alimentem outra vez. Enfim cuidamos deles com muito amor e carinho.
O que aprendemos com eles?
Que amar enriquece a nossa alma, e amar incondicionalmente é verdadeiro quando amamos como os cachorrinhos. Mesmo que variamos no humor eles não mudam o amor que têm por nós. Continuam com a mesma fidelidade amorosa. Gostaria de ser como eles, amar sem rancor aqueles que me desprezam, que me ferem e receber com alegria a qualquer pessoa em minha vida.
 

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