Do livro Vintém de Cobre

Do livro Vintém de Cobre
Texto de Cora Coralina

domingo, 7 de outubro de 2012

DIA DE ELEIÇÃO SUJEIRA NO CHÃO

 
 
Dia de eleição, sujeira no chão
  
Cheguei de viagem para cumprir o dever cívico de votar em minha cidade vinte e três horas dia seis de outubro. A saída de meu vôo estava programada para as 19:40 hs, mas  um temporal assim que chegamos ao aeroporto se abateu sobre Porto Alegre impedindo decolagens e atrasando a partida do nosso avião. Percebi a preocupação dos funcionários com a chuva que caía dentro da área dos portões onde os passageiros aguardam a chamada para entrar no avião; ficando um lago no local, cuidando para tirar a água que as mulheres e homens tirando com rodos, panos e baldes. Comentavam que os Jogos Olímpicos vão chegar e nada foi feito para melhoria daquele aeroporto. Imaginou se acontecesse isso quando estivessem recepcionando os turistas? Se perguntavam "porque tendo tantos países mais adequados para tal evento, porque escolherem o Brasil para sediar os jogos?"Assim partimos de lá duas horas após o programado, chegado em casa as onze horas. Quanto ao Aeroporto de Viracopos está muito bom, e um passageiro disse-me que após a privatização dele, mais uma ala enorme está sendo construída, com prazo de entrega para daqui um ano e que vai ficar um espetáculo. Achei muito bom saber disso.
Encontrei minha família toda reunida com excessão de Athena, que está viajando a trabalho em João Pessoa, capital do estado de Alagoas. Estavam juntos o amigo assessor Pero Vaz e seu filho Tiago,  trocando idéias sobre o trabalho de campanha política que fizeram ajudando Da Vinci. Brincaram de fazer uma caixinha e cada um dava seu palpite sobre quantos votos ele teria para vereador. Alguns disseram oitocentos, outros mil e duzentos, mas eu disse que seriam por volta de quatro mil. Todos me acharam otimista demais, mas comentei que palpite é palpite, e estava dando o meu, apesar da brincadeira haverá um resultado, quer gostemos ou não. Da Vinci disse que se tivesse setencentos já se dava por feliz. São centenas de candidatos, a distribuição de votos é muito grande, num município e oitenta mil habitantes. Comentei que o meu palpite estava apoiado nos quase quarenta anos de trabalho em consultório atendendo por décadas quase setenta pessoas por dia. Quem o conheceu a pouco tempo não sabe da real história de Da Vinci como médico, lembre-se bem, sempre friso que como médico sou testemunha de sua dedicação. Apesar disso o médico pode não ajudar o político, ou sim ou não, como diz o cantor poeta e filósofo Caetano Veloso.
Hoje pessoas caminhavam com muito medo de escorregar de tanto papel espalhado pelas calçadas das ruas; eu mesma estava receosa de cair. Da Vinci já tinha recebido um telefonema de uma senhora idosa sua cliente que havia surfado na prancha de papel, sentindo muita dor nas pernas e pés. 
Estão criando tantas leis, deveriam criar uma para os candidatos irem para as ruas varrerem o chão que sujaram no  e segunda feira após as eleições começando aí o exemplo de cidadania, levando inclusive a família junto. Seria um belo exemplo para outras comunidades do Brasil. Porque será que atitudes tão simples não se realizam? Porque achamos que o trabalho pesado tem sempre que ficar para os outros?
Se todos nós arregaçássemos as mangas trabalhando para o bem da nação voluntariamente não iríamos mais longe?
Talvez não tivéssemos problemas com os aeroportos e metrôs do Brasil não?

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