Do livro Vintém de Cobre

Do livro Vintém de Cobre
Texto de Cora Coralina

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

QUINHENTOS OU CINQUENTA REAIS A CONSULTA MÉDICA?

 
No dia dezoito de outubro comemora-se o dia do médico. Da Vinci dá o pontapé inicial a sua campanha para prefeito daqui quatro anos organizando um jantar que deveria ser realizado no dia dezoito de outubro, dia do médico, mas que será adiado para o fim do mês, aproveitando a ocasião para homenagear o Dr  Zerelles, médico que veio para Láquilla, quem sabe quase cinquenta anos atrás. Hoje irei até a casa da Dona Safira sua esposa ver as fotografias que ela vai nos preparar para realizar a apresentação.
Ontem fui com uma mulher que está pleiteando a uma vaga na prefeitura,  fazer orçamentos para escolhermos o local, o cardápio e preços. Como é difícil chegar a um consenso. Dizem que médicos gostam de pompas e circunstâncias e apoiadas nisso estávamos quase optando por um restaurante, sem dúvida o melhor. Quando ouvi dizer que um jantar poderia ficar em torno de noventa reais, reclamei que estava muito caro para os médicos, mas fui rebatida pelo gerente do restaurante e pela promonter que disse-me:
- mas médico ganha muito bem, eles cobram quinhentos reais uma consulta. Eu disse:
- este médico seu amigo cobra este preço, mas a grande maioria vive de convênios e labutam muito para ganhar o seu salário. Uma consulta do SUS vale dez reais para se receber seis meses depois, e os convênios em geral pagam cinquenta reais. As pessoas têm uma visão equivocada sobre o dinheiro dos médicos. A história registrou um mito sobre o poder aquisitivo dos médicos aqui no Brasil  nas décadas anteriores ao anos sessenta, fazer a população entender isto não é fácil.
A senhora quer convidar o médico amigo dela que acaba de chegar na cidade para enturmá-lo ao grupo dos profissionais locais, outra situação desnecessária pois é mais um concorrente, é bom para quem ser conhecido no local? Para ele é claro. Ao longo das décadas presenciei a chegada de muitos médicos, cuja presença causava um reboliço entre eles. Atualmente a entrada é livre e cada um ocupa seu espaço, pois a cidade de vinte mil habitantes nos anos setenta passou para oitenta mil atualmente. Gerava muita discussão quando cogitava-se em trazer mais um ginecologista para a cidade, ou pediatra, ou...ou.... Então estas lembranças vinham-me na memória apesar  do visível contentamento dela em favorecer um amigo que não tem nada a ver com o grupo que já está aqui a décadas. Ela ficou irritada com a minha opinião sobre preços. No meio da conversa comentei que ligaria para Da Vinci pedindo-lhe sua opinião sobre o preço a ser cobrado pelo "melhor restaurante" que vimos. Falei que ele "tem pés no chão", depois fiquei até sem graça com o meu corte, sou peremptória mas é um fato. Na mesma hora ele deu seu parecer: No "Dom Ruam" com sessenta reais, teríamos comida e bebida à vontade. Assim nos despedimos e decido eu mesma organizar este evento. Hoje ainda irei alugar o espaço que já tem o buffet escolhendo cardápio, contratarei o fotógrafo, e tudo que for de direito.
Até mais!

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