Do livro Vintém de Cobre

Do livro Vintém de Cobre
Texto de Cora Coralina

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

PARCEIRAS DE FACULDADE

Como Fomos Parar na Facul

Olho para minha frente, quem vejo? Nannai Nadinne, minha colega da faculdade.  Continuei escolhendo as frutas  e verduras, pois faço dieta com a nutricionista, e tenho um blog onde relato o dia a dia  da minha alimentação. A minha geladeira e dispensa estavam vazias, e tenho que fazer bonito para minha saúde, e a auto pressão em relatar no blog também conta. Graças a Deus, pois assim vou mais longe no regime, e quem sabe no tempo de vida.
Esperei Nadinne se aproximar, pois quando me visse teríamos um bom tempo de bate papo.
Um dia Nadinne apareceu em minha casa. A minha caçula estava cursando a segunda série, hoje o segundo ano fundamental. Eu tinha um plano secreto, de quando ela já tivesse sido alfabetizada, voltar a estudar, pois tinha interrompido a Faculdade de Serviço Social. Nadinne chegou do nada em casa, me viu debruçada sobre nossa mesa de jantar, com vários livros da Enciclopédia Barça aberto. Eu fazia anotações, pois estudava História Universal me preparando para o vestibular. Estava decidida fazer o curso de Letras. Ela peguntou-me, - O que significa essa "papelança" sobre a mesa?  -Estou me preparando para o vestibular de Letras. -Onde? - Não sei, nem onde nem quando, mas é certo que vou prestar. -Nossa, eu também  quero. Sei que na Cidade do Vinho encerra a inscrição depois de amanhã. Por que não prestamos nós duas, e fazemos o curso juntas? -Fechado. Então falarei com meu marido hoje e amanhã você me pega em casa depois duas horas, que até lá terei despachado as crianças para o colégio. -Ótimo. -Amanhã eu te pego. Conversamos sobre o meu filho que era aluno no colégio do Estado, colega de sala de sua sobrinha e nos despedimos.
Fizemos a inscrição, passamos e nos divertimos por quatro anos. Estudei muita literatura nesta época, me dedicando principalmente à Literatura Portuguesa e Brasileira. Tínhamos duas excelentes professoras. Ambas estão na USP dando aula atualmente.
Nos formamos. Eu dei aula por três anos em colégios do Estado. Ela que já era professora de História, tendo lecionado em colégios particulares e aindava dando aulas desta disciplina em uma Escola estadual Local, trocou pelas aulas de Português. Hoje quando nos encontramos é só alegria. É uma mulher inteligente, diferente de todo o resto do mundo. Já deve ter quase setenta e cinco anos, mas parece sempre jovem.
Nunca fazemos programa juntas. Nossos encontros são esbarradas aqui e acolá.
Comentei que estava freqüentando a lan House, ela achou o máximo. Comentei que a mais gostava era a da Praça da Matriz. - Ah é, mas por quê? - Porque às seis horas tem o Ângelus, durante o dia tem músicas de Campanha Política, tem Rocky, tem tudo o que você possa imaginar. Crianças, adolescentes e senhoritas. Geralmente eu sou a mais velha. - É por isso que gosto de você, redarguiu. Você faz coisas diferentes, vai aqui, vai lá conhecendo as coisas. Mas continuando sobre as Lan Houses, eu perguntei-lhe: -Você conhece o umbral dos espíritas: -Conheço. - Então, algumas vezes sinto estar no umbral. O ambiente escuro, começa com uma escada estreita, as pessoas de roupas escuras, a música gritante, dissonante para meus ouvidos, horrível. Este locais são sempre muito semelhantes, aqui ou em qualquer cidade. Às vezes saio com dor de cabeça, suador,você nem imagina. Ela continuou se divertindo com minha narrativa.
Não comentei sobre meu Blog. Aliás isto não comento com ninguém daqui nem de lugar nenhum. Quero Paz e anonimato.

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