Do livro Vintém de Cobre

Do livro Vintém de Cobre
Texto de Cora Coralina

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A CIDADE NOVA E A CIDADE VELHA

Precisei ir centro pagar o ITR, o imposto sobre a terra e fazer o depósito para a contadora. Estava sem carro, indo para o ponto de ônibus. A temperatura hoje acusava onze graus, ficando agradável andar pelas ruas. Quando caminho fico saudosa dos tempos de quando cheguei por aqui. Esta região era tão diferente do Triângulo  Mineiro em termos de pessoas, o fenótipo europeu que predomina por aqui, a tez clara , cabelos louros e olhos verdes e azuis, a paisagem e clima, tudo me encantou quando vim para uma região tão especial. Não diria da arquitetura ser diferente do resto do país, que está espalhada pelo Brasil todo, com excessão do sul, onde predomina o estili alemão. Os casarões portugueses se erguem de norte a sul do país. Nós brasileiros não cultivamos a história, deixamos tudo morrer. Por aqui não é diferente.
Tudo está muito colorido, parecendo circo. Antes um ar bucólico, predominava o espaço,lembrava-me de regiões que conhecia em livros, como Sulfok na Inglaterra. Assim eu imagina, que havia encontrado Sufok de Sumerhill em Láquilla. Consegui aproximar um pouco dos tempos passados, falo de trinta e seis anos atrás, quando as charretes disputavam espaço com os carros. O galo cantava nos quintais, e a vaca mugia de madrugada, antes de se tirar o leite. De onde estive era possível ouvi-los.
 
 

Depois o comércio transferiu para diversos bairros, descentralizando
 

Hoje é bom que seja assim, pois oferece mais opção para o pedestre.




Continuei a caminhada Descendo um pouco mais, chegando ao ponto de ônibus. Fazia um bom tempo desejava fotografar a estação e casinhas, mas ou estava doente, ou o sol era muito forte, ou não tinha máquina. Hoje tudo colaborou, e podendo me aproximar até a estação, que quase não tem mais trem. Não há  mais passageiros, ninguém precisa dos trens, pois todas as famílias, fazem o possível e o impossível para ter seu carro. Eu tive a felicidade de pegar a Litorina em 1976, quando ainda fazia no mínimo três paradas ao dia. Eu fazia faculdade na cidade do Barão do Café.
 
 

 

 
Antigamente os trens de carga nem imaginavam que um dia ficariam encostados sem utilidade nas estações do Brasil. Pois se até as Marias Fumaças que trabalhavam nas Floresta Amazônica estão sendo restauradas, porque nós que temos todas as condições para fazê-lo, não fazemos comcuidamos destes vagões que estão esperando por reparos podendo ser reutilizados para eventos culturais para crianças e adolescentes?  A Escola Integração fica ao lado da estação. A própria escola foi construída usurpando um espaço  antes dos ferroviários, das casas destinadas aos funcionários da FEPASA.

 



  
Passei pelas casas da FEPASA , algumas já reformadas embora carinhosamente cuidadas pelos moradores, não estão sendo preservadas como patrimônio histórico da cidade. Um dia nós teremos apagado nosso passado da memória, e as gerações futuras nem saberão das dificuldades enfrentadas pelos imigrantes que aqui chegaram fundando uma cultura diferente, trazendo a uva para nosso cenário econômico, porque não sobrará nem mesmo uma parreira nos quintais.
 
 
 
 
 
 
 
 
Espero que algum dia antes que tudo isso se desfaça, um jovem político se interesse por esta paisagem linda! Porque os velhos, ah! Estes não tem mais jeito. Nem os velhos que estão chegando no cenário da política. Manutenção não é a praia deles!

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